quinta-feira, 9 de maio de 2013

ENTREVISTA COM A BANDA MORRA TENTANDO



Banda Morra Tentando... Luzes, ação e reação!

1º- A Banda Morra Tentando começou em 2005, como foi este início e quais as formações até atualmente?
Na verdade começamos a botar a cara na rua mesmo em 2006, ano em que também fizemos nossas primeiras apresentações, éramos 5 na formação (duas guitarras) e atendíamos pelo nome de “Apenas a Fúria Sobrevive” a tradução do título de uma música da banda Street Bulldogs. O início foi bem empolgante, pois nosso repertório já era quase todo formado por músicas próprias e isso nos dava uma sensação muito boa de sentir que tínhamos a capacidade de fazer um som que nos agradasse. De lá pra cá, passamos a tocar contando com apenas um guitarrista na formação, e um tempo depois nosso amigo e um dos fundadores da banda, Daniel Hogrefe (baixista), foi morar fora e novamente mudamos um pouco o time. Chegou o Ismar, amigo de longa data, para tocar baixo e em seguida perdemos mais um membro que era nossa guitarrista Fabian, com isso convencemos o Ismar a assumir a guitarra e nos enturmamos com o Brunão, figura já conhecida no cenário local e que veio pra somar assumindo as cordas  graves. Essa é nossa atual formação: João Marcelo (gritos), buzugo (batucada), Ismar (guitarradas) e Brunão (us grave).

2º- Qual a visão da Banda sobre o cotidiano dos eventos independentes (Underground) na região Nordeste?
Ainda somos bem jovens, mas já participamos do role a um bom tempo, não caímos no lance de pára-quedas e sim vivenciamos as várias fases e etapas que nos fizeram firmar enquanto uma banda que leva em conta uma postura, coerência ou algo que o valha. Ultimamente vemos que muito do que aprendemos e assimilamos como coisas de um espaço alternativo e auto-gestionário tem perdido algumas das suas maiores características e aqui no nordeste não tem sido diferente. Mas ao mesmo tempo vemos ações que ou permaneceram legais ou surgem através de novos grupos de pessoas que ainda assim chegam pra fortalecer e gerar conteúdo interessante e necessário. Nessa pegada, notamos que as coisas em muitos casos estão evoluindo na nossa região, seja através de novas iniciativas ou mesmo do fortalecimento de antigas. E isso vai desde a produção de zines até a preocupação em oferecer um equipamento decente pra que as bandas possam mostrar seu trabalho. O cotidiano é difícil, mas tem gente querendo melhorar. Quanto aos atrasa lado, é uma questão de saber lidar e usar os espaços úteis para expor nossas idéias.

3º- Em relação à satisfação pessoal de vocês como membros da banda, está tudo ocorrendo de acordo?
Desde o início nossa pretensão sempre foi mínima, então quem almeja simplicidade não tem muito com o que se preocupar, nos mantemos firmes na caminhada e relevando pequenas falhas e vacilo, nos sentimos a vontade tocando nossa música e interagindo com quem se identifica com ela.

4º- A banda tem demonstrado um amadurecimento muito bom, tal qual o bom vinho, a cada dia esta melhor! Qual o segredo de tanta energia nas apresentações da Morra Tentando?
Não somos profissionais, mas sempre queremos dar o nosso melhor, fazer render o que compomos e ensaiamos assim como apresentar nosso potencial enquanto banda, não é um lance de perfeccionismo ou algo que o valha, é mais uma questão de dedicação mesmo, de saber que podemos e queremos evoluir. Isso não é sobre música é sobre a vida! Nossa energia vem da nossa paixão pelo meio que vivemos e acreditamos, quando tocamos nos sentimos cuspindo tudo que nos incomoda, desse modo, cada música ganha à carga de energia que queremos passar com nosso barulho. Além disso, pra gente não há limite entre quem está em cima do palco ou não, é tudo uma coisa só e se queremos que o público sinta isso, temos que passar essa idéia pra eles, por isso essa empolgação serve também de convite pra que o contato seja mais direto e gostoso.

5º- Os sons do EP Freestyle Is Our Gift (2012) não ficam amarrados somente no Hardcore/Skatepunk, fale sobre os trabalhos da banda e suas influencias?
É aquela coisa, aqui no nordeste as coisas não ganham tanta limitação de espaço e público, nesse caso estamos naturalmente abertos a absorver outros estilos musicais. Uma das coisas mais chatas do hardcore é a segmentação/segregação de estilos de som. Sempre fico feliz quando as pessoas fazem esse tipo de comentário sobre o nosso som. Se prender a algo limita muito. E como por aqui não existe esse lance de cena melódica, cena grind ou cena metalcore; não sentimos necessidades de nos enquadrar em determinado estilo de som. E todos da banda escutam de tudo, então, acaba sendo natural. Pessoalmente, também acho que se a banda não for muito boa no que faz, e se prender em uma só linha de som, acaba ficando chato-cansada.

6º- As questões sociais estão presentes em todas as regiões do mundo, sempre embalada pelo consumismo capitalista e outras mazelas criadas para engodo do povo. Qual a visão da Morra Tentando sobre este fato?
Desde que começamos a nos envolver com o punk, a postura social foi logo absorvida por nós, fosse através de bandas que alimentavam a causa, fosse pelos diversos fanzines que logo tivemos contato. É bem certo que depois de um tempo você passa a enxergar as coisas de outra forma, mas quem se mantém firme nas suas convicções só tem um caminho a seguir, a resistência. Sabemos que não podemos fazer muito enquanto apenas uma banda. Dessa maneira procuramos sempre atuar em outras frentes que complementem nossa visão: organização de pequenos gigs, exibição de documentários, exposição de zines e até mesmo debates. Além de ter gente da banda que participa de coletivos políticos e outras ações fora do meio punk.

7º- Existe uma postura ideológica na banda?
Não temos uma ideologia que contemple diretamente a todos, mas nos identificamos muito com os ideais anarquistas e sua visão libertária de mundo. Dentro disso ainda podemos citar todas as posturas que tenham como ponto central a emancipação humana e há muito são difundidas no meio hardcore (anti-homofobia, feminismo, luta de classes e por aí vai).

8º- O Underground Store Zine e o Blog Pedras Que Rolam agradecem a Banda Morra Tentando pela entrevista e especialmente pela paciência. O espaço desta questão fica livre para suas colocações finais.
Nós que agradecemos por demais a você Beto Feitosa por ter nos cedido este espaço onde podemos expor nossa idéias além do nosso som, assim como agradecemos também por nos ajudar espalhar nossa mensagem e fazê-la chegar às outras pessoas que podem/ devem ser tornar novos contatos e amizades.
Sentimos que ultimamente muita coisa vem se perdendo nesse meio e queríamos que os que ainda acreditam se mantenham firmes e resistentes, pois só dessa forma conseguiremos levar nossos ideais à frente, seja na idéia de manter ativa essa boa circulação independente de bandas e amigos ou até mesmo questões bem mais delicadas.
Mantenham-se ativos, queremos somar e compartilhar amor, protesto e ódio. Não esperem que aconteça, faça agora, faça você mesmo! Para quem conhece a banda, convidamos a manter contato e para quem ainda não conhece estamos abertos a novas amizades.
► A entrevista foi respondida por Buzugo e João Marcelo.
Para encontrar a gente no mundo virtual é só acessar os seguintes links e acompanhar nossas empreitadas:
facebook.com/morratentando
Morratentando.bandcamp.com
Twitter.com/morra_tentando

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