MISANTROPIA é uma banda formada em 1991 na cidade de Maceió/ AL é a banda mais antiga da cena Punk Hardcore em atividade no estado de Alagoas. O som dos caras é o verdadeiro Punk Hardcore, simples, direto e politizado.
1º. A formação da Misantropia é a
mesma desde o início?
R: A formação da banda sofreu
algumas mudanças durante esses 22 anos de existência. Em 1998 deixamos de ser
um quarteto e viramos um trio. A última
mudança ocorreu em 2009 quando Wagner (baterista) saiu da banda porque se mudou
para São Paulo. Atualmente
a Misantropia é formada por Sandney (vocal/guitarra), Júnior (baixo) e Ives
(bateria).
2º. Atualmente o Brasil conhece
melhor a Cena Nordestina e esta ocorrendo uma permuta de informações entre todas
as regiões. Vocês concordam com isto?
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Foto: Álbum de Yves Toledo
Júnior (baixo), Sandney (vocal/guitarra) e Yves Toledo (bateria) |
R: Sabemos que hoje em dia é bem
mais fácil ter acesso ao que vem sendo produzido pelas bandas de todo o mundo,
a internet quebrou várias barreiras nesse sentido.
É muito
mais fácil gravar e divulgar o que é produzido, como também é mais fácil ter
informações sobre as bandas das diversas regiões do país. No entanto ainda
vemos um fluxo maior de bandas das regiões sul e sudeste vindo tocar no
nordeste do que as do nordeste fazendo o caminho contrário. Há mais canais de
comunicação, no entanto isso não abriu espaço para as bandas da cena
nordestina.
3º. Qual a opinião da Banda sobre
a homofobia?
R: As pessoas precisam aprender a
respeitar as escolhas de seus semelhantes. A opção sexual é algo que só diz
respeito ao próprio indivíduo, o que importa é que ele se sinta feliz com a sua
escolha.
A
homofobia é um sentimento/preconceito resultante da nossa ignorância, como o é
racismo, a xenofobia e a crença de alguns que se consideram superiores
aos demais. Isso é algo que deve ser combatido tanto nas outras pessoas quanto
em nós mesmos.
4º. Na Misantropia quais são as
influências principais?
R: Musicalmente são mais ligadas ao
Punk/HC, no entanto o metal, jazz, bandas instrumentais e algumas outras
vertentes que escutamos terminam nos influenciando. É algo que pode não ser
diretamente percebido no som da Misantropia, mas que termina refletindo de
alguma forma no que fazemos.
5º. Como anda a Cena em Maceió e
região... Têm ocorrido eventos?
R: Costumamos dizer que a Cena em
Maceió é cíclica, temos períodos com um grande número de eventos, às vezes mais
de dois por mês, e outros nos quais os shows se tornam algo extremamente
raro.
Atualmente
o ritmo aumentou um pouco, há um volume razoável de eventos ocorrendo. Alguns
grupos e pessoas estão bem ativas e isso tem refletido em outras cidades. Em
Arapiraca e Palmeira rolaram e vão rolar alguns eventos interessantes e
isso possibilita um intercâmbio legal entre as bandas.
Podemos
destacar o trabalho que vem sendo feito pelo Coletivo Popfuzz, pela galera que
fez parte da FVM e uma outra galera que recentemente trouxe a Egregora para
Maceió. Agora em julho esse mesmo pessoal vai organizar o show da Tuna.
Vale
ressaltar que vários eventos extrapolam a questão musical promovendo debates,
palestras e discussões que levam todos a refletir sobre questões muito
relevantes.
6º. Tive a oportunidade de
presenciar a Banda em apresentação no IX Festcore em Aracajú/SE. Vi quando
Sandney emprestou a sua guitarra ao Luiz da Cessar Fogo... Fale um pouco sobre
a união na Cena, isto ocorre realmente?
R: Há uma camaradagem entre bandas,
mas não é algo que ocorre entre todas as bandas e entre todas as pessoas. Com
relação a equipamentos alguns são bem caros e muitas pessoas preferem não
emprestá-los, por outro lado existem pessoas que pegam um equipamento
emprestado e não têm muito cuidado.
Nós já
vimos situações na cena de muito altruísmo e fraternidade, no
entanto também já vimos situações de extremo egoísmo e falta de respeito
ao próximo. O que sabemos é que ainda temos um longo caminho pela frente até
sermos tão bons e perfeitos quanto pregamos e desejamos que outros sejam.
Entre a ideologia e a ação há, muitas vezes, um grande abismo.
7º. Comentem um pouco sobre a
caminhada da Banda.
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2º Alternativo Rock - Canindé de São Francisco/SE- 2008 |
R: Nesses anos de banda nós
quebramos a cara algumas vezes, tivemos muito mais alegrias do que decepções e
acreditamos que evoluímos um pouco como pessoas. O principal é que não
nos arrependemos da escolha que fizemos e ainda temos muita disposição para
continuar na batalha com a banda. Programamos ficar tocando até alguém da banda
completar 60 anos, o que nos dá no mínimo mais vinte anos pela frente. Estamos
com as músicas novas prontas, gravadas, o estúdio esta trabalhando na mixagem. A velha pretensão de organizar um pequeno giro pelo nordeste
continua em nossas mentes, mas reconheço que falta uma movimentação mais
efetiva da nossa parte nesse sentido.
8º. Qual a visão da Misantropia
sobre o nosso país?
R: Ainda acreditamos que o mundo
tem jeito, não só o Brasil. Analisando a situação sabemos que aqui temos muitos
problemas, há muitas coisas erradas e muita miséria, talvez um nível
maior do que em outros locais, mas em todo o mundo o homem deixa suas
marcas e cria várias mazelas que precisam ser combatidas e extirpadas. Ainda
hoje pessoas morrem de fome, guerras são feitas e vidas são tiradas a
troco de nada. A natureza sofre continuamente pela ação impensada da raça
humana e já podemos perceber as conseqüências dos nossos atos.
Provavelmente
não estaremos vivos para curtir o mundo que tanto sonhamos, mas temos que ir
fazendo a nossa parte sabendo que a principal revolução tem que acontecer
diariamente dentro de nós.
9º. O espaço é livre para vocês,
fiquem a vontade!
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2º Alternativo Rock - Canindé de São Francisco/SE - 2008 |
R: Antes de querermos mudar o mundo
precisamos saber que temos que nos revolucionar continuamente. Não será por
meio de palavras, por meio de atos violentos ou apenas apontando os
erros que iremos provocar algum tipo de mudança. O faça o que eu mando,
não faça o que eu faço é algo que não se sustenta. Outro ponto extremamente
importante está ligado à questão de que precisamos nos instruir, adquirir
conhecimento e ter um senso crítico muito apurado. Não devemos parecer com
papagaios que apenas reproduzem palavras e idéias sem saber o que
elas significam e representam, nem muito menos devemos nos considerar
donos da verdade.
Beto,
muito obrigado pela força... Paz, saúde e Anarquia para todos.
Rua Santa Isabel, nº. 250 –
Casa 2.
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